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O QUE FAZER DEPOIS DE UMA RELAÇÃO SEXUAL SEM PROTEÇÃO?

Esper Kallás e Vivian Iida Avelino-Silva - médicos infectologistas do Hospital Sírio-Libanês: 

Nas relações sexuais sem proteção, seja porque a camisinha não foi usada ou porque se rompeu durante a penetração, é maior o risco de ocorrer uma gravidez não planejada e, o mais assustador, o risco de infecção por agentes das doenças sexualmente transmissíveis.

Nesses casos, não adianta se desesperar. Existem medidas de prevenção que podem ser adotadas após uma relação desprotegida. Aqui, vamos nos concentrar na transmissão do HIV e deixar a discussão de outras DSTs para uma segunda oportunidade.

Depois do contato sexual, o HIV pode levar até 72 horas para conseguir atravessar a superfície dos genitais, vencer as defesas naturais do corpo e finalmente infectar a pessoa. Esse período pode representar uma janela de oportunidade terapêutica, pois existem alguns remédios contra o HIV que podem bloquear a infecção. O uso dessas medicações após contato sexual de risco recebe o nome de Profilaxia Pós-Exposição, também conhecida pela sigla PEP (do inglês, Post Exposure Prophylaxis).

Qual é a ideia? O remédio chega nos genitais antes do estabelecimento da infecção. Vários estudos em animais e evidências em estudos clínicos apontam que se trata de uma medida eficaz. De fato, já aplicamos esse conceito em outras situações semelhantes. Por exemplo, quando um profissional de saúde se acidenta com uma agulha contaminada, adotamos o mesmo princípio de prevenção e o profissional recebe os remédios contra o vírus no prazo de 72 horas.

O que utilizamos? Os mesmos medicamentos indicados para tratar os portadores do vírus da AIDS. Por quanto tempo? A recomendação atual é que sejam mantidos por 28 dias. Evidentemente, quanto mais cedo a pessoa iniciar PEP, menor a chance de contrair o HIV. No entanto, se a relação ocorreu há mais de 72 horas, a medicação deixa de produzir efeito e não é mais indicada.

Quem teve uma relação sexual sem proteção deve procurar os Serviços Ambulatoriais de Atenção Especializada em HIV e Aids (SAE) ou os Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA). Os endereços desses serviços em cada região estão disponíveis no site do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde ou na página de serviços da Agência de Notícias da AIDS

Cada caso deve ser avaliado individualmente. O risco de infecção pode variar de acordo com as circunstâncias em que se deu a relação: quem foi o/a parceiro/a, qual foi o tipo de relação, se houve penetração vaginal ou anal, se houve ejaculação ou não, há quanto tempo e quantas vezes aconteceu. Além disso, como as medicações podem causar efeitos colaterais – principalmente náuseas, vômitos, diarreia, tontura ou interações com remédios que a pessoa já usa – é fundamental que um médico com experiência no assunto avalie se a PEP é realmente necessária e faça o acompanhamento do paciente com novas consultas e exames laboratoriais.

Uma relação sem proteção pode também servir para nos relembrar da importância da camisinha: o uso do preservativo é sempre a maneira mais eficiente para proteger contra o HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis.