Carlos Jardim, doutor em Pneumologia e especialista em e Clínica Geral, faz parte do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo (SP) e é coautor da coleção “Guia Prático de Saúde e Bem-Estar” (editora Gold), faz parte do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo (SP).
Assim como preparamos nossas malas com bastante cuidado e atenção para não deixar para trás algum item que nos faça falta, devemos nos preocupar em levar um conjunto de produtos para a saúde que pode ser de fundamental importância durante a viagem.
Há lugares em que o acesso às farmácias ou aos serviços de saúde é difícil. Ter à mão alguns medicamentos pode fazer uma enorme diferença em certos momentos.
Cuidados com a prevenção
Prevenir é sempre o mais importante. Para não precisar usar o kit, lembre-se do que pode ajudá-lo a evitar que problemas apareçam.
Para começar, a higiene é fundamental. Se não for possível lavar as mãos com água e sabão antes de alimentar-se, lembre-se de colocar na bagagem um antisséptico tópico, como álcool gel ou equivalente. Ele também será útil para evitar a transmissão de alguns vírus, como o da influenza (gripe).
Alguns produtos podem ser utilizados para reduzir o risco de intoxicação por impurezas da água. Existem apresentações comerciais de hipoclorito e/o permanganato de potássio que podem ser adicionados à água que será utilizada para consumo. Essas substâncias podem ser usadas também para a limpeza de frutas, legumes e verduras.
Um problema comum nos dias quentes é a queimadura por radiação solar. Portanto, não esqueça de levar o protetor adequado e em quantidade suficiente para a viagem.
Usar chapéus, óculos escuros e roupas leves também pode ajudar a prevenir esse tipo de lesão. Algumas roupas confeccionadas com materiais que intensificam o bloqueio dos raios solares são especialmente úteis para os bebês e para as pessoas que toleram mal a ação do sol sobre a pele.
Se você vai viajar para locais em que há muitos mosquitos, leve repelentes. Dependendo do horário, a atividade dos mosquitos é maior. Geralmente, o entardecer é o período mais crítico. Por isso, ponha na bagagem roupas de manga comprida, redes para colocar sobre a cama e até inseticidas.
Especificamente a profilaxia para malária, doença transmitida pela picada de um mosquito parecido com o pernilongo, não está indicada para todas as pessoas. Por essa razão, você deve informar-se com a autoridade de saúde local sobre a necessidade de utilizá-la ou não.
Tão logo a pessoa escolha o lugar para onde vai viajar, deve informar-se sobre a importância de tomar certas vacinas. Há regiões no Brasil e em outros países em que prevalecem doenças que requerem imunização prévia. Apesar de o nosso calendário vacinal ser bastante amplo, você deve informar-se sobre a imunização necessária antes de viajar. Há sites sempre atualizados, como os do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde que contêm as informações necessárias.
Medicamentos em geral
Levar todos os remédios que em uma eventualidade a pessoa possa precisar em quantidade adequada pode ser difícil. Entretanto, alguns princípios podem ajudar nessa seleção.
Em primeiro lugar, procure levar medicamentos que tratam os sintomas: antitérmicos, antialérgicos, antieméticos (remédios para náuseas), analgésicos e anti-inflamatórios podem ser úteis na maioria dos casos. Se você não tem uma doença crônica, mas tem um problema que eventualmente aparece – algum tipo de alergia ou enxaqueca, por exemplo — considere a possibilidade de ter consigo um remédio para essas situações. Procure também saber se alguém que viaja com você tem alergia a algum tipo de remédio. É sempre importante contar com uma alternativa.
A depender do lugar que será visitado, considere incluir na bagagem algum tipo de antibiótico e medicações para verminoses. Apesar de as infecções bacterianas não acontecerem com tanta frequência, ter um medicamento desse tipo à disposição pode ser extremamente útil até que a pessoa seja avaliada por um profissional. Você pode conversar com seu médico sobre o uso de antibióticos que são usados em mais de uma situação clínica, por exemplo, nas infecções urinárias e sinusite.
Lembre-se também de checar as dosagens pediátricas. Como os remédios para crianças têm doses e apresentações específicas, é importante estar corretamente informado sobre elas.
O uso de bandagens, curativos, pomadas, antissépticos e outros dispositivos e substâncias deve ser considerado de acordo com o local e o tempo de viagem. Pessoas que vão visitar ambientes extremos (altitudes elevadas, desertos etc.) devem sempre se informar a respeito de cuidados e problemas específicos que podem aparecer nesses lugares.
Pacientes com doenças crônicas
Pessoas com doenças crônicas devem levar os medicamentos que utilizam diariamente em quantidade suficiente e com o prazo de validade adequado. Em alguns países, é muito difícil comprar remédios sem prescrição médica, mesmo aqueles mais simples.
Você pode pedir ao seu médico uma declaração para ser apresentada na chegada, caso seja questionado a respeito dos tipos ou quantidade dos medicamentos. Pergunte também (ou consulte a bula) sobre as condições de transporte – alguns remédios necessitam de temperatura e umidade ideais para que se mantenham eficazes.
Algumas doenças crônicas requerem uso esporádico (e não necessariamente diário) de remédios específicos, seja por frequência – como aqueles utilizados semanalmente ou mensalmente – ou porque são utilizados em situações eventuais, como em exacerbações da enfermidade (caso das crises de asma, gota etc).
Pacientes que utilizam oxigenioterapia contínua precisam informar à companhia aérea ou rodoviária sobre a necessidade do oxigênio. Geralmente, há algumas informações que devem ser passadas para a empresa de transporte a fim de que ela providencie boas condições de acomodação e garanta o uso de oxigênio.
Se você tem uma doença crônica e planeja uma viagem longa, para lugares distantes de grandes centros ou em que o acesso a médicos ou farmácias pode ser difícil, converse a respeito com seu médico.